Um artista de verdade não aceita um sim como resposta. Mesmo quando são 80 milhões de sins, como no caso de HODARI, ao estourar com seu primeiro single autoral até três anos depois desembocar neste belíssimo álbum de estreia, que leva o próprio nome.
No caso, o single de estreia, “Teu Popô”, fecha o álbum. Só que “HODARI”, o disco, traz mais 12 outros pedaços que contam a história do artista nascido em Brasília e sediado em São Paulo – ouça aqui. O lançamento do novo projeto – que sai nesta sexta-feira (10) pelo selo slap, da Som Livre – chega ainda com o clipe da faixa “SEM MÉNAGE”, disponibilizado no canal oficial do artista no YouTube na mesma data – assista aqui.

Essa história passa por funk, soul, samba, bolero, hip hop, pagode, sons africanos e latinos, reggae e R&B. Na trajetória pessoal, por uma infância de avós, cariocas, que se mudaram para ajudarem na construção de Brasília, tendo avô arquiteto e artista plástico e avó pianista e estilista. HODARI (nome de batismo, que significa dignidade em zulu) absorveu de ambos os avós e correu por bandas, desenhos, tatuagens e moda até chegar à carreira solo musical.
“A pandemia acelerou o processo de composição, e entre Brasília e São Paulo formei o que é este álbum”, diz.
Nas 13 faixas, HODARI trafega pelas mais diversas vertentes.
“SIGNOS” abre com uma guitarra sacana à Nile Rodgers e deixa o som desaguar em Funk robusto e dançante. “KAMASUTRA BABY” faz uma curva para o Hip Hop e para sonoridade urbana que marca boa parte do decorrer do trabalho.
“S.E.X.O.” segue nessa toada, enquanto “SEM MÉNAGE” aponta para MPB e “SIRICUTICO” desemboca o arsenal em samba e pagode.
Os convidados são casos à parte. Luccas Carlos ativa o Trap junto ao Hip Hop em “SOL RAYO”, assim como Vitão em “ATMOSFERA” e MIKUYM em “JOVEM”, com pegada de pop explícito na última. BK ajuda na métrica Rap de “TUDO PRO AR”.
“PRAYA E SOL”, “AMOR DE CARNAVAL” e “TEU POPÔ” fizeram parte do EP e são amigas do ouvinte. Por fim, a faixa “EMBARCAÇÃO DO AMOR”, com Luísa Sonza, aparece para deixar um gostinho de quero mais.
“HODARI” é um trabalho orgânico e delicado também. Notam-se as texturas no entrosamento entre as composições do artista e a pilotagem de produção de dois mitos como Douglas Moda e Nave, e participação especial em “EMBARCAÇÃO DE AMOR” de Rafinha RSQ.
Nota-se, também, todo o espectro de influências e cores por onde o artista trafegou durante a jornada até aqui, dos estúdios de tatuagem à formação acadêmica em design gráfico, ao trabalho como modelo e mesmo as beberagens de outras fontes.

“Meu objetivo foi filtrar pelo eu artístico. Exalar minha arte, em formato 360, já que ela vem da música mas também do cinema, da moda e de mais manifestações por onde transito”,
diz, aceitando finalmente o sim do formato álbum como resposta.